Campo Grande (MS) – Mais do que uma ocupação produtiva, o curso de pintura predial iniciado hoje (10) no Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” representa uma oportunidade de recomeçar para os 26 internos que participam da qualificação. Assim como o nome do projeto que torna possível a realização da iniciativa na unidade penal, para os reeducandos beneficiados, a capacitação proporciona um caminho para construírem uma nova forma de liberdade por meio da profissionalização.
A qualificação oferece instruções para torná-los profissionais completos, proporcionando desde noções de como elaborar um currículo e terem postura e bom comportamento profissional a realizarem todas as etapas necessárias para se trabalhar como pintor predial, incluindo pinturas texturizadas (grafiato) e decorativas.
Para o interno Willian Jarbas Gomes de Albuquerque, 26 anos, tornar-se um profissional capacitado para atuar com o trabalho de pintura predial abrirá muitas portas de emprego quando voltar ao convívio em sociedade, tendo em vista que a área de construção civil geralmente tem bastante vagas.
Já o reeducando Nilton Pereira, 22 anos revela que estava ansioso pelo início da capacitação. Segundo ele, o curso é uma maneira de ocupar-se, remir a pena (a cada três dias de participação nas aulas, um é descontado na pena a ser cumprida) e, principalmente, aprender um novo ofício. “Estava ansioso para começar esse curso por que sei que precisa ter conhecimento para trabalhar como pintor de verdade e o certificado vai contar ponto na hora de disputar uma vaga em uma firma de construção”, acredita. “É uma oportunidade que surgiu e eu vou abraçar”, garante.
O diretor do EPJFC, João Bosco Correa, ressalta que a realização do projeto “Construindo Liberdade” na unidade penal é uma conquista importante e que deve ser valorizada pelos internos. Conforme o diretor, proporcionar a ocupação produtiva dos detentos traz mais tranquilidade à rotina do presídio, pois os reeducandos que trabalham, estudam ou participam de cursos são mais disciplinados. Outro fator importante, segundo ele, é que a qualificação traz reflexos positivos para a autoestima dos reeducandos. “Eles se sentem mais valorizados e capazes de competirem no mercado de trabalho, o que contribui significativamente com a ressocialização”, ressalta.
De acordo com o cronograma do Instituto Delta, responsável pela qualificação, as aulas do curso de pintura predial no Presídio de Segurança Máxima prosseguem até o dia 16 do mês que vem. Tanto as aulas teóricas quanto as práticas ocorrerão na dentro do estabelecimento penal.
A qualificação em pintura predial também está sendo oferecida a 26 internas do Estabelecimento Penal Feminino “Imã Irma Zorzi”, como parte do projeto “Construindo Liberdade”. No presido feminino as aulas começaram no final do mês passado. Ainda nesta semana, elas iniciam a parte prática.
O projeto é uma iniciativa do governo do Estado desenvolvido através de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), a Secretaria de Estado de Assistência Social (Setas), a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher, a Secretaria de Estado de Habitação (Sehab), a Fundação do Trabalho de MS (Funtrab), a Secretaria de Estado de Educação (SED) e o Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de MS (Sinduscon).
O Construindo liberdade já qualificou reeducandos e reeducandas dos regimes semiaberto e aberto como pedreiro e eletricista predial. Uma nova turma composta por 179 internos destes dois regimes iniciou nesta segunda-feira capacitação profissional para carpinteiro, pintor predial e pedreiro.
Por Edemir Rodrigues
Fonte: PantanalNews