A reforma de final de ano será mais cara para os natalenses, em 2009. Os consumidores que têm ido às lojas de material de construção em busca de um dos itens essenciais em uma obra, o cimento, vêm percebendo que, desde o final de agosto passado, o produto tem ficado escasso em Natal e, consequentemente, mais caro. Nem mesmo a alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que vem incidindo sobre o produto tem conseguido segurar os preços.
Nas lojas que vendem direto para o consumidor, o aumento já foi de cerca de 30%, com o preço médio de um saco de 50 quilos passando de R$ 18 para R$ 22. “E se continuar nesse ritmo, acredito que rapidinho chegará a custar R$ 24”, alerta o sócio-gerente de uma distribuidora, Armando Paulo.
Mas o consumidor final não é o único atingido e de acordo com a Cooperativa da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Coopercon), as construtoras estão adquirindo o produto por um valor em torno de 6% maior, do que há cerca de um mês. Para exemplificar, o presidente da entidade, Marcos Aguiar, diz que uma determinada marca cobrava R$ 16,50 por um saco de cimento e hoje o preço varia entre R$ 17,50 e R$ 18.
O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento foi procurado, mas até o fechamento dessa edição a assessoria de imprensa da entidade não forneceu qualquer resposta aos questionamentos da reportagem sobre a escassez e o encarecimento do produto no mercado.
Consumidor
O dono de uma pousada na praia de São Miguel do Gostoso, Elvio Corso, está construindo uma casa para ele e a família e conta ter passado uma semana com a obra parada devido à falta de cimento, há pouco menos de um mês.
Corso compra o material em duas lojas em São Miguel, que ficaram desabastecidas durante cerca de uma semana. “Nessas lojas, fiquei sabendo que elas se abastecem a partir de distribuidoras em Natal, mas não havia cimento disponível na capital e foi preciso comprar em Mossoró. Por isso, demorou ainda mais três dias além do normal”, revela.
Ele espera não voltar a sentir o problema, uma vez que a parte da obra na qual o cimento é essencial já está perto de ser concluída. Além disso, durante os meses de dezembro e janeiro, a construção da casa será suspensa devido ao grande movimento esperado na pousada. “Vai ficar faltando só acabamento, como vidros e janelas, e quando for retomada a obra, acredito que precisaremos de uma quantidade mínima de cimento”, conclui.
Ritmo de produção não diminuiu
Apesar da percepção do mercado, indústrias consultadas dizem que o ritmo de produção não diminuiu. O diretor comercial da Votorantim Cimentos, Marcelo Chamma, afirma que a empresa vem sendo procurada por novos clientes e aumentou a oferta do produto para o Rio Grande do Norte, na tentativa de suprir a necessidade do mercado local.
“A participação da Votorantim Cimentos no mercado potiguar é de 25%. Ultimamente, muitos novos clientes estão nos procurando, mas não posso afirmar que está faltando cimento, nem que outras empresas estão com dificuldade para abastecer o mercado”, pondera. Chamma faz questão de ressaltar que mesmo com essa recente mudança sentida pela empresa, não existe a intenção de reajustar os preços. “Por parte da Votorantim, posso dizer que não há qualquer intuito de elevar o preço do cimento, a partir da falta do produto no mercado”, garante.
O gerente comercial da Cimento Nassau, Milton Cintra, também nega que o produto esteja faltando no mercado da capital, mas admite a ocorrência de atrasos no processo de entrega. Segundo ele, a indústria tem atendido normalmente o mercado de Natal, bem como todo o RN. “Não está faltando cimento, embora haja uma pequena demora na entrega, devido a demanda aquecida em Natal e em todo o Nordeste do Brasil, fato que sempre ocorre nos segundos semestres de cada ano”, diz.
De acordo com Cintra, a principal causa desses atrasos é a falta de transporte para trazer o cimento até a capital. “Temos atendido o mercado através de duas fábricas, sendo uma em Mossoró e outra na cidade pernambucana de Goiana. Para atender melhor aos nossos clientes, estamos trabalhando no recebimento de cimento inclusive aos domingos”, destaca ele.
Problemas podem ser resultado da demanda aquecida
A escassez de cimento no mercado natalense é confirmada pelo sócio-gerente de uma distribuidora, Armando Paulo. Ele atribui a diminuição da oferta do produto ao aquecimento da construção civil, aliado ao desenvolvimento de grandes obras governamentais, como a duplicação da BR 101 e a construção de canais no rio São Francisco.
De acordo com Armando, o preço do produto já sofreu um aumento de 30% e a procura cresceu em torno de 5%, desde o final de agosto passado. Além disso, após fazer o pedido, sua empresa tem demorado entre 20 e 30 dias para receber o produto. “Vendemos entre 300 e 400 sacos de cimento por semana, mas do final de agosto para cá só temos conseguido comprar 200 sacos. Já tive que pedir emprestado a outras lojas, para não deixar de atender a clientes”, ressalta.
O comerciante revela que o preço do cimento não sofreu reajuste por parte das fábricas e, provavelmente, o que vem provocando a alta nos preços para o consumidor é a pouca oferta.
Levando em consideração todo o setor de material de construção, Armando Paulo diz que durante os últimos meses do ano, tradicionalmente, há um aumento na procura. Segundo ele, apenas na sua empresa, foi registrado um aumento médio de 20%, em cerca de 15 dias. “No final do ano, a procura por material de construção sempre cresce e as lojas de material de construção têm a expectativa de que este ano, aumente ainda mais”, garante.
Construtoras
A Cooperativa da Construção Civil do RN (Coopercon) afirma que a pouca oferta de cimento está começando a provocar transtornos para os empresários da construção civil de Natal. Apesar de o problema ainda não ter provocado atraso em obras, o setor teme que caso a falta se prolongue, o preço de imóveis para o consumidor final aumente, além de ser necessário demitir de funcionários. O presidente da Coopercon, Marcos Aguiar, lembra que em 2008 o setor também sofreu uma crise do cimento, lamentando que esteja se repetindo pelos mesmos motivos. De acordo com ele, as empresas alegam que a procura está muito alta e isso vem provocando a falta no mercado. Mas a entidade acredita que o crescimento da demanda não foi suficiente para ter essa repercussão.
Por Silvia Ribeiro Dantas
Fonte: Tribuna do Norte
Cimento: Escasso e caro para o consumidor em Natal
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