Empresário diz que sofreu ameaça para deixar licitação
Enviado: 29 de Outubro de 2009 às 13:43
Embora tenha ‘desistido’ de participar das licitações do PAC, em depoimento à PF construtor citou ‘comentários’ de que corria risco de morte.
Não foram apenas ofertas milionárias que fizeram o empresário Mariozam Pimenta, sócio de uma construtora de Goiânia (GO), desistir de participar de licitações de obras do PAC em Cuiabá. Em depoimento à Polícia Federal, ele declarou ter "ouvido comentários" de que corria risco de morte caso não abandonasse os certames.
Conforme o Diário revelou com exclusividade, Mariozam Pimenta é um dos 22 indiciados pela Polícia Federal (PF) na Operação Pacenas, que desbaratou uma rede de fraudes nas licitações do PAC em Cuiabá e Várzea Grande. Documento da PF descreve o relato do empresário goiano, um dos donos da empreiteira Costa Gomes. Ele, porém, nega ter qualquer participação no esquema, versão que contraria provas reunidas pela polícia no inquérito.
No mesmo documento, a PF observa que Mariozam afirmou que foi abordado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado (Sinduscon) para que recuasse da participação nas licitações. A entidade era, então, presidida pelo empreiteiro Luiz Carlos Richter, outro indiciado e um dos 11 presos preventivamente na operação. As investigações apontam o Sinduscon, assim como o Sindicato da Construção Pesada, como "palcos de falcatruas" para o esquema milionário envolvendo as obras do PAC.
Em meio às declarações feitas à polícia, apesar de se dizer alvo de uma verdadeira "pressão", Mariozam Pimenta negou ter qualquer participação no esquema fraudulento. A polícia, porém, reforça nas apurações que não há dúvidas de que ele agiu diretamente nas negociações que culminaram na saída da Costa Gomes dos certames lançados pela prefeitura da Capital.
A PF também destaca que o teor de uma escuta telefônica em especial, travada entre o empreiteiro Marcelo Avalone, irmão do suplente de deputado Carlos Avalone, e um homem identificado apenas como Aurélio, é a prova do envolvimento do empresário goiano. Os irmãos Avalone também chegaram a ser presos e ambos foram indiciados.
Na conversa, mantida no dia 8 de fevereiro de 2008, Marcelo orienta Aurélio a ligar para o construtor de Goiânia e pressioná-lo a sair de uma das licitações. Entre as instruções, Marcelo pede para que o interlocutor repasse a seguinte mensagem: "Só que se ele for parceiro nosso, tem que tirar a proposta daqui".
Ao longo do diálogo, interceptado com autorização da Justiça, mais instruções. "Liga lá e fala: Olha bicho! Entrou aqui, tá criando o maior problema. Não é contra nós e contra o sindicato. Inclusive, o pessoal está te procurando porque você está usando nosso nome. O nome de Marcelo, da Três Irmãos. Nós não podemos porque temos 25 anos de empresa e não pode esse tipo de coisa. Tá?". Aurélio consente.
No dia seguinte, outra figura apontada como intermediadora do esquema, Guilherme Rezende, se reporta ao presidente do Sinduscon se dizendo escandalizado com a contraproposta feita pelo sócio de Mariozan na Costa Gomes, Olinger Gomes - no valor de R$ 5 milhões. Olinger é outro indiciado pela polícia. Diferente do sócio, ele negou durante interrogatório ter recebido qualquer proposta financeira para que deixasse as licitações, o que não o salvo do indiciamento.
Por Juliana Scardua do Diário de Cuiabá
Fonte: Mídia News
Não foram apenas ofertas milionárias que fizeram o empresário Mariozam Pimenta, sócio de uma construtora de Goiânia (GO), desistir de participar de licitações de obras do PAC em Cuiabá. Em depoimento à Polícia Federal, ele declarou ter "ouvido comentários" de que corria risco de morte caso não abandonasse os certames.
Conforme o Diário revelou com exclusividade, Mariozam Pimenta é um dos 22 indiciados pela Polícia Federal (PF) na Operação Pacenas, que desbaratou uma rede de fraudes nas licitações do PAC em Cuiabá e Várzea Grande. Documento da PF descreve o relato do empresário goiano, um dos donos da empreiteira Costa Gomes. Ele, porém, nega ter qualquer participação no esquema, versão que contraria provas reunidas pela polícia no inquérito.
No mesmo documento, a PF observa que Mariozam afirmou que foi abordado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado (Sinduscon) para que recuasse da participação nas licitações. A entidade era, então, presidida pelo empreiteiro Luiz Carlos Richter, outro indiciado e um dos 11 presos preventivamente na operação. As investigações apontam o Sinduscon, assim como o Sindicato da Construção Pesada, como "palcos de falcatruas" para o esquema milionário envolvendo as obras do PAC.
Em meio às declarações feitas à polícia, apesar de se dizer alvo de uma verdadeira "pressão", Mariozam Pimenta negou ter qualquer participação no esquema fraudulento. A polícia, porém, reforça nas apurações que não há dúvidas de que ele agiu diretamente nas negociações que culminaram na saída da Costa Gomes dos certames lançados pela prefeitura da Capital.
A PF também destaca que o teor de uma escuta telefônica em especial, travada entre o empreiteiro Marcelo Avalone, irmão do suplente de deputado Carlos Avalone, e um homem identificado apenas como Aurélio, é a prova do envolvimento do empresário goiano. Os irmãos Avalone também chegaram a ser presos e ambos foram indiciados.
Na conversa, mantida no dia 8 de fevereiro de 2008, Marcelo orienta Aurélio a ligar para o construtor de Goiânia e pressioná-lo a sair de uma das licitações. Entre as instruções, Marcelo pede para que o interlocutor repasse a seguinte mensagem: "Só que se ele for parceiro nosso, tem que tirar a proposta daqui".
Ao longo do diálogo, interceptado com autorização da Justiça, mais instruções. "Liga lá e fala: Olha bicho! Entrou aqui, tá criando o maior problema. Não é contra nós e contra o sindicato. Inclusive, o pessoal está te procurando porque você está usando nosso nome. O nome de Marcelo, da Três Irmãos. Nós não podemos porque temos 25 anos de empresa e não pode esse tipo de coisa. Tá?". Aurélio consente.
No dia seguinte, outra figura apontada como intermediadora do esquema, Guilherme Rezende, se reporta ao presidente do Sinduscon se dizendo escandalizado com a contraproposta feita pelo sócio de Mariozan na Costa Gomes, Olinger Gomes - no valor de R$ 5 milhões. Olinger é outro indiciado pela polícia. Diferente do sócio, ele negou durante interrogatório ter recebido qualquer proposta financeira para que deixasse as licitações, o que não o salvo do indiciamento.
Por Juliana Scardua do Diário de Cuiabá
Fonte: Mídia News