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A construção civil parece não ter sido atingida pela crise

Enviado: 04 de Setembro de 2009 às 19:16
por Equipe GdO

Os canteiros de obra vão bombar nos próximos meses. Quem garante é o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre

– O mercado está aquecido, mas ainda não estamos no auge. Hoje, precisamos entre 2,5 mil e 3 mil trabalhadores. No ano que vem, serão necessários 10 mil – avalia o presidente da entidade, Valter Souza.
O setor, recuperado da crise mundial, já registra uma enxurrada de vagas à disposição em grandes empreendimentos na Capital e Região Metropolitana e projeta um cenário ainda mais animador para 2010.
Programas como o Minha Casa Minha Vida e as melhorias que Porto Alegre, como uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, deverá receber são justificativas para o otimismo.

Alternativa: buscar fora do RS

Mas o aquecimento do mercado vem sendo resfriado pela falta de mão-de-obra qualificada. Se não houver interesse da população desempregada ou faltar incentivo dos governos na formação de profissionais da construção civil, mão-de-obra de outros estados será recrutada. Principalmente das regiões Norte e Nordeste.

Maior entrave é falta de formação

Entre as funções em que há maior falta de pessoal capacitado estão auxiliar de pedreiro, pedreiro, carpinteiro e armador (ferreiro).
– Uma empresa precisava contratar 160 armadores, e só conseguimos 17 – lembra o coordenador do Sine de Porto Alegre e presidente da Comissão Municipal de Emprego, Sidenir Bueno de Almeida.
Na opinião de Valter, para atender à procura será preciso recrutar também as mulheres, que já vêm recebendo formação e atuando no mercado.
– O tempo é escasso, mas a formação é necessária. Este é o nosso maior entrave – reconhece Valter.
Parte da estatística de pedreiros que atuam em pequenas construções, Jorge Poleto, 46 anos, comemora a boa fase do setor com a mão na massa. Atualmente ele está trabalhando numa reforma na Vila Cruzeiro.
– Nunca falta serviço. É difícil ficar parado. O máximo de tempo entre uma obra e outra é de uma semana – revela o pedreiro, que tem 15 anos de experiência.
Jorge confirma que o momento é de investimento, não apenas em grandes empreendimentos, mas também em obras menores:
– Aparece mais trabalho no verão. O pessoal está voltando a construir agora.

Fim da turbulência econômica

Os números da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana, realizada pelo convênio entre a Fundação de Economia e Estatística (Fee) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) confirmam que a crise mundial foi superada no setor.
Em julho deste ano havia 96 mil pessoas empregadas na construção civil, mesmo patamar do ano passado, antes da turbulência econômica. É o maior volume de emprego para o mês de julho desde 1992.
Deste universo, 45 mil atuam em grandes edificações. Já os 51 mil trabalhadores restantes estão envolvidos em reformas e obras menores.
– O investidor retomou a confiança, e vários empreendimentos devem ser lançados em breve – adianta Valter Souza.

Qualificação à vista

O coordenador do Sine de Porto Alegre, Sidenir Bueno de Almeida, explica que está sendo renovado com a União o convênio que proporciona, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Fat), cursos de qualificação gratuitos em diversas áreas.
– Entre eles estará a capacitação na construção civil e também na área do turismo, em razão da Copa do Mundo – afirma.
A expectativa é de que os cursos comecem a ser oferecidos assim que o recurso chegar, ou seja, possivelmente ainda neste ano.

Por Roberta Schuler | roberta.schuler@diariogaucho.com.br

Fonte: Diário Gaúcho / Zero Hora

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