[center]Por Tatiana Vaz de Istoé Dinheiro[/center]
[center]

Poucos setores vão gerar tantas oportunidades de negócios nos próximos anos quanto a construção civil brasileira. Pelo menos essa é a aposta da Duratex e da Satipel, que anunciaram na semana passada a fusão de suas operações. O negócio resultou na oitava maior indústria de revestimentos de madeira do mundo, com faturamento de R$ 3,2 bilhões. Juntas, as ex-concorrentes passarão a deter 42% do mercado nacional, o que permitirá à nova empresa ter escala suficiente para atender ao esperado crescimento do segmento de habitação. Segundo projeções do governo federal, que lançou em abril um ambicioso pacote de estímulo ao setor, até 2011 serão construídas um milhão de casas no País. "O Brasil tem um déficit de pelo menos oito milhões de moradias", afirma Plínio do Amaral Pinheiro, vice-presidente financeiro da Duratex S/A, como passará a ser chamada a nova companhia. "Por isso, temos um espaço imenso para crescer no País." Unidas, Duratex e Satipel passarão a produzir 3,7 milhões de painéis de madeiras por ano, além de metais, louças e chapas de fibra.
A fusão permitirá que as duas empresas complementem suas operações, o que traz inúmeras vantagens competitivas. Embora fossem rivais, as companhias tinham objetivos estratégicos distintos. A Satipel concentrava sua atuação em "MDP", como é chamado o ramo de painéis de madeiras nobres, usadas na fabricação de móveis. Nesse segmento, a capacidade de produção da Satipel era três vezes maior do que a de sua antiga concorrente. Já a Duratex estava focada em "MDF", destinado principalmente para a construção pesada (nesse segmento, a Satipel era quatro vezes menor).
[center]

[left]Segundo um parecer da corretora Coinvalores, a fusão permitirá que as empresas ganhem escala, reduzam custos e tornem mais eficiente sua operação logística. A Satipel possui duas unidades industriais, uma na cidade mineira de Uberaba e outra em Taquari, no Rio Grande do Sul. As três fábricas da Duratex encontramse no interior paulista, em Agudos, Itapetininga e Botucatu. "Com a integração das operações, as empresas fortalecem sua presença em novos segmentos de negócios sem precisar investir na ampliação das fábricas", diz um analista da Coinvalores. No futuro próximo, a união de forças também facilitará uma possível inserção internacional. "Atualmente, apenas 5% do nosso faturamento vem de exportações", diz Henri Penchas, novo presidente da Duratex S/A.
"Agora, temos capacidade competitiva de atender tanto as demandas daqui quanto as de fora."
A direção da nova companhia será composta pela mescla de representantes das três famílias controladoras das empresas: os Vilella e Setubal (Duratex) e os Seibel (Satipel). Curiosamente, é a companhia menor, a Satipel, que vai incorporar a Duratex, empresa controlada pela Itaúsa, holding do Banco Itaú. O antigo presidente da Satipel, Salo Davi Seibel, presidirá agora o conselho de administração da empresa, que será composto por nove membros, dos quais quatro indicados pela Duratex, dois pelos controladores da Satipel e três membros independentes. Segundo Penchas, não estão previstas demissões na área operacional. Nas áreas administrativas, o processo de adaptação será feito nos próximos nove meses sob coordenação de um comitê executivo formado para analisar a companhia em 14 setores diferentes. As duas antigas rivais escolheram a marca Duratex por ela ser mais forte no mercado. "Não temos apego à nossa marca, e sim a nossa história", diz Seibel. "Duratex é um nome que comercialmente faz mais sentido".
Fonte: Istoé Dinheiro[/left][/center]