Conforto Acústico

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Leandro
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Conforto Acústico

Mensagem por Leandro »

O limite da intensidade de ruídos suportáveis durante o dia é regulamentado, e não deve ultrapassar 70dB. Numa edificação, não é só o ruído que vem de fora que pode incomodar; o barulho interno também tem que ser levado em conta.
Essa é uma questão que deve ser considerada já na fase da escolha do terreno, atentando se a região apresenta movimento intenso ou se há fontes de ruídos próximas, como fábricas, por exemplo. Por sua vez, o projeto arquitetônico pode ajudar a controlar ou reduzir esses problemas.
A maior penetração de barulho em um ambiente "sensível" da casa, como dormitório, sala íntima, de estar ou escritório, vem das janelas. Portanto, elas deverão ter sua capacidade de isolamento sonoro condizente com a carga de ruídos que irão receber, o que deve ser medido por um profissional. Por exemplo, se do lado de fora de um ambiente o barulho atinge 60dB e o limite aceito num dormitório é de 35dB, a janela adequada deverá ser especial, isto é, dupla, com vácuo entre dois vidros distanciados, e caracterizada por classe de transmissão de som aéreo de isolação - CTSA - igual a 25 (resultado adequado, segundo a diferença entre 60 e 35dB). Esta é uma janela possível de se encontrar em lojas especializadas. Porém, para uma casa localizada à beira de uma rodovia, onde o barulho chega a 85dB, a janela ideal deveria ter CTSA 50, quase impossível de ser encontrada no mercado.
Para condições extremas, há soluções variadas que, isoladas ou adotadas em conjunto, podem amenizar o alto índice de barulho externo, como portas de madeira maciça (de preferência almofadadas, por serem mais acústicas) e paredes de tijolos, revestidas de ambos os lados. Uma opção pode ser ainda o sistema de ar condicionado central, que obriga o fechamento hermético de todas as janelas. Mas a solução de arquitetura mais usual é construir a ala íntima da casa voltada para o lado oposto aos ruídos mais intensos.
Muros altos ao redor da casa é outro bom recurso em casos de ruas movimentadas, inclusive para as que têm linhas de trem por perto. Neste caso, se o terreno apresentar um desnível profundo, uma idéia para diminuir o barulho é construir as alas íntimas nas partes baixas, deixando o acesso à casa no nível da rua. Desta forma, não se receberá ruídos frontalmente. Esta é também uma boa técnica para as regiões mais frias, resolvendo ao mesmo tempo os problemas acústicos e térmicos.
Fachadas cegas, isto é, sem portas nem janelas, são outra boa opção para não deixar entrar o barulho externo, pois o concreto é um forte bloqueador sonoro, ao contrário de portas e janelas. Em áreas próximas a aeroportos, por exemplo, uma providência importante é ter uma laje no telhado, o que irá reter mais o som, principalmente se aliada a forros isolantes. Mas não basta um forro mais espesso: ele precisará ser suspenso elasticamente, com o auxílio, por exemplo, de um forro de madeira tipo macho-e-fêmea, apresentando buracos para absorver o som.
Paredes, pisos e tetos podem ganhar qualidade acústica com a adoção de algumas soluções:
• colméias de cerâmica nas paredes (como as usadas em adegas);
• pintura chapiscada em forro e paredes;
• no acabamento, com forro e paredes revestidas por espuma;
• aplicação de gesso, um ótimo aliado contra a propagação sonora. Num corredor, por exemplo, um simples forro de gesso rebaixado (com juntas de dilatação de aproximadamente 2,5cm nas laterais) pode ajudar bastante na absorção do som, ainda mais quando o corredor liga o estar aos dormitórios. Várias alturas de forros entre um ambiente e outro também são um recurso valioso na captura do barulho excessivo;
• carpetes com base de moletom são ótimos redutores de ruídos de impacto, e a instalação de passadeiras nas escadas também facilita o abafamento do som.
Quanto aos ruídos internos, muitas vezes eles nem são claramente percebidos. Mas aparelhos eletrodomésticos, sanitários e exaustores podem produzir sons indesejados, geralmente devido à má localização. Máquinas de lavar, secadoras e geladeiras podem criar ressonância se encostadas em paredes. A solução é simples: basta manter esses equipamentos afastados e o ruído acaba.
A respeito dos eletrodomésticos em geral, pouco pode ser feito. Entretanto, na hora de comprá-los, pode-se optar por aparelhos menos barulhentos. E, na elaboração do projeto, é interessante que a cozinha e a copa fiquem afastadas dos ambientes mais sensíveis.
A canalização de água e esgoto numa casa térrea pode ser isolada, caso não esteja chumbada à parede, livrando-se do barulhinho de água fluindo, muitas vezes irritante no dia-a-dia. Para as descargas de vasos sanitários, uma caixa falsa com um colchão de ar, em média de 5cm, entre as paredes pode ser a solução para um ruído estridente. Outra solução é revestir toda a canalização com lã de vidro ou massa, tal qual um isolamento térmico para aquecedores. Bacias com caixa de descarga acoplada também reduzem o barulho.
Para silenciar ao máximo os exaustores, pode-se optar pela colocação de um tubo com tratamento acústico, em cuja ponta ficará o exaustor. Outra saída é dar preferência a modelos que deixem o motor instalado na parte externa da casa. Já uma banheira de hidromassagem barulhenta pode ter seu ruído reduzido se for disposta sobre uma laje flutuante (principalmente o motor), em base elástica feita de borracha ou cortiça, entre outros materiais.
Na cobertura, alguns tipos de telhas absorvem melhor o som do que outras, como as telhas de barro e as comuns, do tipo francesa.
O projeto arquitetônico pode ainda prever algumas soluções úteis:
• no corredor de circulação, as portas não devem ficar frente a frente, mas ser distribuídas de forma desencontrada;
• na suíte, o closet separando o quarto do banheiro diminui bastante o ruído da caixa e válvula de descarga;
• o uso de borracha ou feltro sintético para vedar folgas em portas e janelas, evitando o desconforto de vibrações e assobios em dias de ventania.
O quadro abaixo, sem pretender estabelecer regras inquestionáveis, busca apresntar os principais tipos e materiais passíveis de ser utilizados e suas características:
acustica.gif
Fonte: Revista Arquitetura & Construção - jul/93.
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