Coberturas Naturais

Telhas e telhados, madeiramento, calhas, rufos, cumeeiras, coberturas de construções e edifícios em geral.
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Equipe GdO
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Coberturas Naturais

Mensagem por Equipe GdO »

Estabelecer um contato mais próximo com a natureza faz parte do estilo de vida atual, que redescobriu a força da terra, os poderes das pedras e as importantíssimas propriedades das plantas. Dentro desta nova e saudável concepção, a arquitetura oferece possibilidades para resgatar formas mais simples e naturais de se viver, entre elas, as coberturas naturais.

Optar por um revestimento natural para o telhado é uma forma de integrar a construção à natureza. Muito solicitado para casas de praia ou de campo, ele aparece também em regiões urbanas, cobrindo ambientes de lazer como varandas, quiosques, áreas de churrasqueiras, ou mesmo a casa inteira. Para obter um bom resultado, recomenda-se o uso de fibras tradicionais, como o sapé, a palha de santa fé, a piaçava e a palha de coqueiro.

Num primeiro momento, pode parecer estranho que esse tipo de cobertura tão primitiva realmente proteja contra a ação da chuva vento e do sol. Entretanto, em pouco tempo de convivência ela mostra suas excelentes qualidades como isolante térmico e acústico. A água da chuva também não atrapalha, desde que a estrutura do telhado tenha declividade mínima em torno de 30 graus.

Uma das únicas desvantagens da cobertura natural é o seu tempo de vida, em média, de três a quinze anos. Nos centros urbanos este fator é agravado pela poluição, obrigando a trocas mais frequentes da fibra. Deve-se estar atento ainda quanto à proliferação de insetos como baratas, aranhas e cupins. Assim, por precaução, é preciso dedetizar o local a cada seis meses. O risco de incêndio também é maior do que no telhado revestido por telhas comuns. A única saída é instalar "splinders" (dispositivos para irrigação), que mantêm a fibra úmida, retardando a ação do fogo. Aliás, quando a cobertura natural for utilizada sobre churrasqueiras, recomenda-se construir uma chaminé alta, coberta por um tubo de amianto ou tijolos.

Normalmente a cobertura natural é associada a uma arquitetura de tendências rústicas. Mas ela pode ser combinada a outros estilos, conferindo um toque irreverente à casa. Se a ideia é se aproximar o máximo da natureza, a estrutura do telhado deve ser de madeira, de preferência aparente. Caso a construção esteja pronta e tenha telhado, é possível colocar os caibros onde as fibras são presas sobre as telhas ou laje. O único cuidado é observar a inclinação mínima da estrutura. A presença do forro é opcional e deve atender às expectativas estéticas para os ambientes internos, já que o visual do exterior está garantido.

Em todo o Brasil há empresas especializadas em coberturas naturais, mas poucas trabalham com todos os tipos de fibras. A dificuldade acontece porque normalmente só a mão de obra nativa da região de determinada folha ou palha tem know-how para realizar uma cobertura perfeita. Por isso, é importante verificar se a empresa contratada oferece essa garantia. Além disso, o auxílio de um arquiteto pode tornar o projeto mais harmonioso, imprimindo a dose exata de natureza para abrigar os usuários.

As fibras ideais e suas características
  • Piaçava - original do Nordeste, esta fibra é colhida quando amadurece. A parte mais grossa é aproveitada para produzir vassouras e o restante é usado na confecção de coberturas. A piaçava é trançada em ripas de madeira, presas em caibros a uma distância de 17cm uma das outras. A sobreposição das ripas compõe o visual interno da casa. Do lado de fora, a piaçava é penteada e fica lisa. A espessura final é de 8 a 10cm. Para cada 10m² de cobertura são necessários 100m de piaçava. O tempo médio de vida é de dez a doze anos.
  • Palha de Santa Fé - encontrada nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, proporciona a aparência de uma massa compacta e flexível. A palha é arranjada em feixes de 30cm de comprimento, posteriormente presos com arame a ripas de 2,5x2,5cm. Por sua vez, elas são pregadas aos caibros e separadas 20cm uma das outras. A espessura final da cobertura é de 20cm. Quarenta feixes de 10cm de diâmetro cobrem 1m². Durabilidade: dez a quinze anos.
  • Sapé - é natural de encostas e mais fácil de ser encontrado. Para compor a cobertura, os feixes de sapé são amarrados com arame ao ripamento já pregado em caibros. O efeito externo é semelhante ao da piaçava, com espessura de 10 a 15cm. Cada metro quadrado requer trinta feixes de sapé com 10cm de diâmetro. Sua vida útil é de aproximadamente três anos.
  • Palha de coqueiro - também nativa dos estados do Norte e Nordeste, essa folha deve ser dobrada e presa nos caibros com arames ou pregos, formando uma estrutura que lembra um pente. Os pentes são sobrepostos um ao outro por cima da cobertura de madeira, a partir das bordas. A durabilidade deste material está na faixa de dois a quatro anos.
Fonte: Revista Arquitetura & Construção - jan/93.

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