Construção civil levanta mercado financeiro

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Construção civil levanta mercado financeiro

Mensagem por Equipe GdO »

As ações do setor de construção civil foram as que registraram as maiores altas no mercado financeiro. Com as expectativas de melhora do setor, diante do retorno do crédito e do pacote de estímulo do governo, o que gerou otimismo em relação ao futuro destas companhias, os investidores foram às compras. Todas as ações do setor registram alta acima de 40% e existem aquelas em que os ganhos superam os 200%. Ao mesmo tempo, o crescimento das receitas não foi tão expressivo, assim como a geração de caixa e diversas companhias do segmento resolveram buscar recursos no mercado financeiro ou se associar para dar continuidade aos projetos.

O levantamento realizado pelo MONITOR MERCANTIL levou em consideração 26 ações, pertencentes às empresas listadas em Bolsa. Foram avaliados indicadores como o preço lucro e a variação da receita líquida, com o objetivo de verificar o quanto os fundamentos estão relacionados ao comportamento do mercado. Diante dos dados, é possível perceber que a valorização dos papéis está relacionada às perspectivas e não aos resultados das companhias. As receitas, na maioria dos casos, cresceram, mas não o suficiente para justificar a valorização das ações. Ao mesmo tempo, os índices preço da ação sobre lucro por ação mostram que o retorno ao investidor ocorrerá no longo prazo.

Para o analista da Spinelli Corretora, Max Bueno, houve uma série de fatores que ajudam a explicar a valorização dos papéis. Ele vê o setor como um mais aquecidos na atualidade, com uma velocidade de vendas acelerada, já equivalente aos níveis pré-crise, impulsionada pelas menores taxas de juros, pelos pacotes de estímulo governamentais e pela abundante oferta de crédito do SFH, com custos menores e prazos mais dilatados.

Financiamento - O plano do governo para estimular o setor de construção civil, “Minha Casa, Minha Vida”, anunciado no final de março, trouxe novas perspectivas para as ações das empresas. O pacote de estímulo promoveu uma importante redução dos custos para as companhias e o aumento do volume de crédito, com a redução dos prazos para a aprovação dos financiamentos. Tudo feito através dos bancos oficiais. A principal medida comemorada foi o crédito para as companhias, que viviam um momento marcado pela necessidade de caixa para financiar as obras.

A falta de recursos para dar continuidade aos projetos foi o principal problema enfrentado pelas construtoras, a partir do início da crise. O ajuste maior ajuste ocorreu em relação às vendas e lançamentos de novos empreendimentos diante da contenção do crédito para capital de giro. Em 2008, as companhias fizeram fortes investimentos em bancos de terreno na expectativa de um cenário promissor nos anos seguintes. Essa tendência positiva reverteu-se de forma aguda e repentina a partir do quarto trimestre de 2008, como reflexo da piora no ambiente macroeconômico doméstico e de seus reflexos sobre o nível de emprego e da renda esperada dos potenciais clientes dessas empresas.

- O uso do caixa para fazer o banco de terrenos a preços elevados provocou a restrição de caixa. Sem financiamento, os empreendimentos tornaram-se vulneráveis - conta o analista.

A crise foi refletida em forte queda dos preços dos papéis até o início deste ano, quando o governo decidiu intervir.

- O problema de caixa fez algumas companhias se desfazerem dos terrenos, outras optaram por vender participações e outras a se associarem, como foi o caso da Abyara, Agra e Klabin Segall - explica o analista da Spinelli Corretora.

Algumas empresas também estão aproveitando o retorno do interesse dos investidores para fazer novas colocações de ações no mercado, de forma a reforçar o caixa.

- O pacote contribui para a recuperação do setor que saiu da crise e voltou a crescer. Este é o fator que justifica a alta das ações - ressalta Bueno.

Ele lembra que o avanço das cotações está relacionado a esta perspectiva que levou os analistas e investidores a reverem os cálculos de preço justo para os papéis.

- Ocorreu uma melhora das premissas do mercado, que levaram a repensar o preço justo - diz.

Para Bueno ainda há espaço para valorização dos papéis, mas é preciso estar atendo, pois as oportunidades de investimento tornaram-se mais escassas.

- As escolhas devem ser mais seletivas. O investidor devem olhar os indicadores com cuidado, como o ritmo de lançamentos das empresas, o grau de alavancagem, as margens, a velocidade de vendas e até a percepção do público quanto à marca da companhia - alerta.

Destaques - A companhia que registrou maior valorização das suas ações foi a Tenda Participações. No ano até 30 de agosto, as ações ordinárias registram ganhos de 362,07%. Mesmo com a forte alta, o índice preço sobre lucro encontra-se ainda abaixo do registrado em junho de 2008: 39,08 vezes. O indicador mostra que para recuperar o capital investido na ação, o investidor precisa esperar 39 anos. Em junho de 2008, o PL era de 42,45 vezes. A diferença é reflexo do aumento do lucro por ação. A receita da companhia aumentou 45,78%, na comparação do primeiro semestre deste ano, com o mesmo período de 2008. Nos últimos 12 meses, até agosto deste ano, a ação acumula alta de 43%.

A segunda empresa a apresentar maior valorização no ano até o final de agosto é a MRV. As ordinárias da companhia apresentaram alta de 280,3% no período, mas ainda exibem queda de 2% nos últimos 12 meses. A MRV é uma das mais beneficiadas pelo plano de governo, pois constrói imóveis voltados para baixa renda. Outra ação a exibir ganhos elevados no ano é a ordinária da Helbor (280,3%). Ainda com ganhos acima de 200% estão as ações da Rossi Residencial, Abyara, EZtec e Brookfield.

Valorização das ações estimula novas ofertas

A forte valorização das ações tem estimulado as empresas a voltarem a captar no mercado com vistas a obter recursos para financiar os projetos. Na avaliação dos analistas da Merrill Lynch, além das ofertas já anunciadas da PDG Realty e Rossi Residencial, outras companhias devem divulgar a sua ida ao mercado, como Gafisa e Cyrela, além de outras empresas menores. Segundo os especialistas da instituição, no curto prazo, apesar da expectativa de forte crescimento para o setor neste e no próximo ano, com a expectativa mais ofertas no setor imobiliário nos próximos meses, é esperado que o setor a permanecer sob alguma pressão.

Esta semana, a PDG ressaltou que sua oferta deverá totalizar entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões. No ano até agosto, os papéis ONs da companhia acumulam valorização de 175%. O valor total da oferta poderá chegar a 20% do valor de mercado da companhia. O capital obtido deve permitir que PDG aumente seu número de lançamentos para R$ 4,25 bilhões, de forma a ampliar a sua receita para os próximos anos. A análise de sensibilidade dos analistas da Merrill Lynch mostra que, considerando a oferta de capital e sua implicação para o crescimento futuro da empresa, estima-se uma diluição por ação de 18% em 2010 e 11% em 2011.

Já a ordinária da Rossi Residencial acumula alta de R$ 263,2% até o dia 30 de agosto. Com a valorização de seus papéis e seguindo os passos das concorrentes, a empresa decidiu ir a mercado captar mais recursos. Esta semana, a Rossi anunciou a realização de nova oferta pública de ações, que deverá totalizar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões. A operação terá como objetivo financiar o novo plano de crescimento para os próximos anos, a partir de 2010. Segundo a companhia, tal medida reflete o cenário econômico favorável e o aquecimento da demanda por imóveis impulsionada principalmente pelo programa “Minha Casa Minha Vida”.

- Apesar de a captação ser uma forma importante e barata de capitalização para essas companhias, ela penaliza os acionistas no primeiro momento, já que dilui a participação existente. Dado o montante da oferta, a diluição seria de cerca de 25% do valor de mercado de R$ 2,2 bilhões da empresa no fechamento de terça-feira. Passado o primeiro impacto, porém, as ações devem acompanhar os resultados da captação de recursos - avalia a equipe de análise da Spinelli. Na avaliação dos especialistas da Merrill Lynch, em contrapartida ao aumento de capital, há o potencial crescimento da empresa, com os lançamentos estimados em R$ 1,8 bilhão para 2009 e R$ 2,3 bilhões no próximo ano, assim como crescimento do lucro. Tal fato faz com que a diluição de capital seja inferior a 25%.

A recomendação da Merrill Lynch é neutra para o papel.

- Como no caso da PDG, teremos de rever a nossa projeção para a empresa de forma a levar em consideração a diluição implícito da oferta de capital e os impacto positivos sobre o crescimento futuro da empresa - diz o relatório.

Fusão - A união entre Gafisa, Tenda e Klabin Segall causou impacto negativo nos papéis no curto prazo, que precisaram se ajustar às relações de troca.

- As cotações das ações das empresas envolvidas se ajustaram à nova participação na companhia a ser criada. As ações da Agra foram as mais penalizadas já que, diante das altas observadas nos últimos meses, ela possuía uma participação maior no valor de mercado total das companhias na terça-feira, do que a que lhe coube na nova empresa. Já a Klabin Segall foi a mais beneficiada, dado que sua participação na nova empresa terá valor maior do que a lhe caberia, pelo valor de mercado de terça-feira. No caso da Abyara, sua participação na nova empresa estava bem “precificada” - avaliam os analistas da Spinelli Corretora. No ano, até 31 de agosto, as ações da Abyara acumulam alta de 238,47%, as da Agra 140,80% e da Klabin 84,26%.

Fonte: Monitor Mercantil Digital

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