Ações da construção civil superam com folga alta do IBOVESPA

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Ações da construção civil superam com folga alta do IBOVESPA

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Investidores estrangeiros impulsionam compras de papéis, que acumulam valorização de até três dígitos neste ano

Por Luís Eduardo Leal - AE

Após terem sido demolidas pelo terremoto financeiro global no final de 2008, as ações das empresas de construção civil estão de volta às carteiras dos investidores estrangeiros, os principais responsáveis pela formação de preços desses ativos financeiros desde que as companhias brasileiras do setor decidiram abrir capital na Bolsa, entre 2005 e 2007.

Ações que chegaram a valer menos de R$ 2,00 acumulam valorização de três dígitos neste ano – e os analistas, ainda às voltas com a redefinição de preços-alvo para o encerramento de 2009, admitem que o espaço para novos avanços não se esgotou. Por trás do otimismo, estão fatores como o pacote habitacional do governo Lula, anunciado no final de março, e as iniciativas para melhorar as condições de crédito das empresas do segmento, envolvendo a Caixa Econômica Federal e o BNDES.
Enquanto o Ibovespa se valorizou 33,31% no ano até o último dia 7, o Imob, índice do setor imobiliário, registrou ganho de 79,09%. Com a percepção de risco Brasil mais favorável e a diminuição da taxa de juros, essas ações, assim como o Ibovespa, têm espaço para manter a recuperação.

Quando as empresas do setor imobiliário fizeram as suas ofertas iniciais de ações (IPOs), desenvolveram estratégias específicas para atrair investidores internacionais, principalmente aqueles com perspectiva de longo prazo e recursos formidáveis à disposição. Cerca de 75% do volume financeiro desses IPOs veio de aplicadores estrangeiros, que precisaram se desfazer das posições aceleradamente no pior momento da crise, entre setembro e outubro passado. Agora, com o ambiente mais favorável e o desconto acumulado pelos papéis, estão de volta.

As mais negociadas
“Recentemente, a Cyrela anunciou que 7,7% de seu capital pertence a um investidor europeu”, diz o analista de construção civil do Banco Fator, Eduardo Silveira, em referência a uma das três empresas do setor com ações incluídas entre as 65 que compõem o Ibovespa. Desde 27 de outubro, quando o principal indicador da Bolsa atingiu o piso de 29 mil pontos, 16 companhias do segmento imobiliário conseguiram superar os 70% de valorização acumulada pelo Ibovespa até o dia 7 de maio.
Cinco empresas concentram a liquidez dos negócios que envolvem ações de construção: Cyrela, Gafisa e Rossi (as três integrantes do Ibovespa), além de MRV e PDG – estas duas com forte atuação em projetos mais próximos ao perfil popular, a área prioritária do pacote habitacional do governo. “Há outras empresas com menor liquidez, como Even, Agra, Abyara e Tecnisa, que também estão em boa recuperação”, destaca Silveira.
Mas, como em qualquer setor, é preciso estar atento aos fundamentos de cada negócio: há situações em que vulnerabilidades específicas deixam algumas ações de fora do boom. É o caso da construtora Klabin Segall, cujo papel acumula perda de 9,4% no ano, na contramão da recuperação do segmento. “A empresa está muito endividada, tanto em relação ao patrimônio como em comparação a concorrentes”, explica a analista Cristiane Viana, da Ágora Corretora.
Especializada em condomínios de casas em cidades do interior, a incorporadora Rodobens, por outro lado, acumula valorização de 65% no ano, bem acima do avanço de 36,8% registrado pelo Ibovespa no período. ”A empresa também foi favorecida pelo programa habitacional do governo, e tem a vantagem de estar bem posicionada em projetos de perfil popular”, diz Cristiane. Mas a Rodobens tem baixa liquidez, com apenas R$ 800 mil em volume financeiro médio diário nos últimos seis meses – o que afugenta investidores que mirem apenas o curto prazo.

“Exposição da empresa à baixa renda, sólida gestão de caixa, alta velocidade de vendas e estoques relativamente baixos são fatores que devem ser observados pelo investidor ao escolher uma ação do setor”, avalia Silveira, para quem a PDG e a Goldfarb se enquadram bem no perfil. “O pacote trouxe ânimo, especialmente para as empresas voltadas à baixa renda.”
No momento, as corretoras estão refazendo os preços-alvo para o ano, aguardando o encerramento da temporada de balanços do primeiro trimestre, na próxima sexta-feira (dia 15), e o recálculo das perspectivas de evolução da taxa básica de juros ao longo de 2009. “No ano passado, no auge da crise, tínhamos uma taxa de juros de 16% ao ano, livre de risco. A situação agora é bem diferente, o que certamente terá efeito nos investimentos em ações. Ainda que as ações de construção tenham avançado bastante em 2009, há uma perspectiva de alta bem favorável até o encerramento do ano, considerando as perdas que se acumularam nos últimos 12 meses”, observa Silveira.
A Tenda, por exemplo, outra empresa bem posicionada em projetos populares e que está entre as que mais se valorizaram neste ano, ainda apresenta perdas de 64% nos últimos 12 meses. “Essas empresas estão vindo de um patamar de valor muito depreciado, até mesmo se comparadas ao Ibovespa. Caíram mais do que o índice, e agora estão subindo acima do Ibovespa”, acrescenta o analista do Fator.
As ações da Tenda chegaram a ser negociadas por menos de R$ 1,00 no pior momento da crise, e acumularam valorização de 193% no ano até o último dia 7. Outras empresas, como Rossi e Rodobens, já bateram os preços-alvo delineados originalmente para o fim de 2009.

Mesmo empresas com atuação em projetos direcionadas à renda mais elevada, como Cyrela, Gafisa e Tecnisa, têm o que ganhar com o realinhamento de cenário. As três possuem de 30% a 35% de seus terrenos vinculados a empreendimentos na faixa entre R$ 350 mil e R$ 500 mil por unidade, de forma que foram beneficiadas pela decisão do governo, também anunciada em março, de estender financiamentos com recursos próprios da conta do FGTS ao teto de meio milhão de reais.
Mas as estrelas são mesmo as empresas melhor posicionadas no mercado popular, o foco do pacote. MRV e Tenda, por exemplo, têm 90% de seus bancos de terrenos vinculados a projetos destinados a consumidores com renda entre seis e dez salários mínimos, que correspondem a 30% da meta do governo de estimular a criação de 1 milhão de habitações.
Impulsionados pela onda de IPOs que engordaram os caixas das empresas, especialmente entre 2006 e 2007, os estoques de terrenos ainda estão elevados, equivalentes a períodos de 18 a 24 meses de vendas. “Para reduzi-los, todas as empresas estão ajustando o número de lançamentos“, observa Silveira.

Fonte: Agência Estado
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