De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Fernando Lemos de Almeida, o produto promete ser um novo aliado do meio ambiente, pois utiliza resíduos de madeira, não havendo necessidade de desmatamento.
Acompanhe abaixo o chat na íntegra:
[origem]Portal Amazônia.com[/origem]Pensador: O aglomerado da madeira vai contribuir em alguma coisa?
Fernando Lemos - INPA: A contribuição do aglomerado para a construção civil é a durabilidade e a resistência a fatores biológicos da Floresta Amazônica. Pode ser fabricado pela madeira serrada, compensados e outros tipos de madeira reconstituída.
Liliane1: Como surgiu essa pesquisa?
Fernando Lemos - INPA: Procurávamos por novos materiais para a construção civil e movelaria que fossem resistentes às condições amazônicas: intempéries, resistência a fungos e insetos, além de ser à prova d'água.
Tonho: Olá Fernando, tudo bem? O que mais me interessa nisso é saber se, caso esse material venha a ser utilizado em larga escala, o custo da construção civil será barateado? Já é possível saber?
Fernando Lemos -INPA: Não se tem ainda um custo x benefício, mas assumo que se usarmos os resíduos florestais e madeireiros e florestas plantadas - além do cimento que, comparando com os outros aglutinantes é o mais barato -, com certeza sairá mais em conta.
Pedro: Então Fernando Lemos de Almeida fale um pouco do seu trabalho. Em que consiste e quais os benefícios?
Fernando Lemos - INPA: Meu trabalho consiste em aproveitar resíduos madeireiros ou florestais. Uma coisa que ia se jogar fora, por exemplo, pode ser reutilizado para a construção civil e para ser utilizada em moradias de baixo custo. Os benefícios são: a qualidade do produto e o emprego na construção civil e na movelaria.
Aluínio: Pesquisador, usar madeira pra construção civil não pode ajudar a aumentar o desmatamento? Explique de onde será tirada a madeira utilizada nesse material.
Fernando Lemos - INPA: Há todo um processo. Usamos os resíduos florestais e madeireiros e espécies de crescimento rápido em nível de plantios, sem tocar na floresta nativa. A utilização deste material seria uma alternativa à floresta nativa.
Liliane1: Quando este produto está disponível no mercado?
Fernando Lemos - INPA: Estará disponível quando um investidor se interessar pelo produto. Temos tecnologia e, portanto, podemos fazer a transferência da mesma. O produto pode ser feito em pequena, média ou larga escala, dependendo do layout pré-estabelecido.
Aluínio: Já existe interesse de alguma construtora interessada no aglomerado? Será que em breve teremos empreendimentos feitos totalmente com esse material?
Fernando Lemos - INPA: Até o presente momento não. Ainda não se apresentou um investidor interessado.
Galvez: Fernando Lemos - INPA, estes processo/produtos estão patenteados?
Fernando Lemos - INPA: Não estão patenteados. Eu perdi a novidade e, uma vez que o produto torna-se de domínio público, não se pode patentear mais.
Liliane1: O senhor realiza outras pesquisas?
Fernando Lemos - INPA: Sim. Não só no segmento de tecnologia, mas também em desenvolvimento de comunidades.
Guilherme: Quanto tempo o senhor demorou para chegar a esse material que seria resistente o suficiente para ser aplicado na construção de casas na nossa região?
Fernando Lemos - INPA: Estamos realizando a pesquisa da matéria prima lignocelulosíca há oito anos.
Sem nome: Fernando, o senhor é de que parte no Inpa?
Fernando Lemos - INPA: Sou da Coordenação de Pesquisas em Produtos Florestais (CPPF) do Inpa.
Galvez: Fernando Lemos - INPA, quanto às madeiras/resíduos para sua pesquisa, já existe um estudo de demanda para produção em escala um pouco maior?
Fernando Lemos -INPA: Não, este é um processo que será estudado quando houver interesse de um investidor.
Liliane1: O senhor pode explicar o que é esta pesquisa em desenvolvimento de comunidades?
Fernando Lemos - INPA: Este é um processo de desenvolvimento que coloca as comunidades dentro das suas potencialidades locais, referente à sua melhor atividade sócio-econômica.
Raphael: Será que não seria o caso de a Prefeitura e o Governo do Estado adotarem a ideia e, em vez de comprar blocos de barro para construir as casas do Prosamin, utilizem o material desenvolvido por vocês? O Inpa não pode ir até o governo e sugerir? Ou mesmo se candidatar a uma licitação para fornecer a matéria-prima?
Fernando Lemos - INPA: Não, porque não trabalhamos em escala industrial, somente em pesquisa. Quando houver condições de se colocar uma indústria deste potencial, obviamente faremos parcerias.
Aluínio: Que tipo de incentivos o pesquisador recebe para realizar pesquisas como esta?
Fernando Lemos - INPA: Acreditar na pesquisa e solicitar fomento: quanto mais possível melhor, pois trata-se de empreendimento importantíssimo para a região amazônica.
Fernando Lemos - INPA: Muito obrigado a todos! Qualquer outras dúvidas, mande um e-mail para almeida@inpa.gov.br. Até breve!